terça-feira, 25 de outubro de 2011

PARABÉNS WALTER GRASSMAN

WALTER GRASSMAN DISPARA CONTRA LEONEL

    Leia abaixo a matéria do jornal TODO DIA realizada pelo repórter Elias Aredes Junior, com o preparador físico Walter Grassman.                                                          
   O preparador físico do Guarani, Walter Grassman, resolveu desabafar. Não se conforma em ver no passado a força e a tradição de um Guarani que amedrontava os rivais. Em sua quarta passagem pelo clube - as outras três ao lado do técnico Oswaldo Alvarez -, Grassman não poupou palavras em uma entrevista exclusiva ao TodoDia. 
   Se disse decepcionado com o presidente Leonel Martins de Oliveira e confessa que o quadro é quase insustentável. 
   "Nós estamos no limite. Sabe uma bomba relógio prestes a explodir? Aqui, qualquer coisinha, vai gerar um incêndio. Eu espero que isso não aconteça nos próximos seis jogos”, afirmou
   TodoDia - O senhor já passou por situação parecida na sua carreira?   
   Walter Grassman - Dessa magnitude não. Eu nunca passei por uma situação de ficar quatro meses sem receber salários. A maioria dos clubes paga no dia 15 ou dia 20. Agora, quando vira o mês fica preocupante. Eu vou para o terceiro mês. Os atletas vão para o quarto. Eu cheguei em junho e recebi por 26 dias de trabalho. É muito desagradável. Da mesma forma que você troca a comissão técnica e os atletas, acho que a diretoria tem que se tocar. Não dá mais? Pede demissão e sai! 
   E quanto isso afetou o relacionamento da diretoria com os jogadores e integrantes da comissão técnica?  
   Se você  entrar no Guarani você nem vai sentir da comissão técnica e dos atletas que existe algum problema, nem com a diretoria. Desde que cheguei do Sampaio Correa, eu já tinha informações que a situação estava muito difícil, mas não imaginava que fosse assim. Lógico, passa o primeiro mês, segundo mês, terceiro mês e você começa a ficar preocupado. Mas infelizmente não sentimos sinceridade por parte da diretoria nas conversas com atletas ou integrantes da comissão técnica. Minha opinião particular: seria mais fácil dizer que não tem dinheiro e ponto final. Cada um iria procurar seus direitos e pronto. Agora, ficar nessa de que vai (pagar) daqui a 15 dias... Me trataram como criança. E criança eu não sou. Vou tratá-los da mesma forma quando sair daqui. Vou mostrar que deveriam ser um pouco mais honestos e corretos comigo. Fiquei muito decepcionado com quem me trouxe de volta ao Guarani.                  
   Quem lhe decepcionou?     
   Principalmente o presidente. Ele não é um homem desonesto, de maneira nenhuma, mas ele não foi sincero com a gente. Até hoje, é só desculpa, só mentira. Não vejo nada de honesto no clube para conosco. É minha opinião particular. Eu me sinto um verdadeiro bobo. Trabalho porque amo o clube e respeito a torcida. O clube não tem culpa de ser mal administrado. Repito: ele não é desonesto. Mas em uma situação dessa, ele deveria entregar o cargo.                                                                  
   Até que ponto o atraso nos salários e as condições de trabalho atrapalham o trabalho seu e de toda a comissão técnica?                                                            
   Temos que agradecer muito a Deus por termos verdadeiros homens e profissionais. Senão, o Guarani estaria em uma situação pior que a do Duque de Caxias. Para você ter uma ideia, até hoje não tivemos um pontapé nos treinamentos, nenhuma briga ou descontentamento no dia a dia. Ninguém fala mal do clube ou do presidente. Mas estamos profundamente decepcionados com essa diretoria, que abandonou o clube. Amanhã (hoje) podem até me demitir por causa de minhas palavras, mas eles foram irresponsáveis. Repito: são honestos, mas as condições são as piores possíveis.
   Poderia explicar quais seriam essas condições? 
   Tem dias que a gente come arroz, feijão, filé de frango e salada. Só. Eu tenho almoçado aqui para ver o nível de comida que meus atletas comem aqui. Isso é uma vergonha para um clube do tamanho do Guarani. Não existe só o problema dos salários atrasados. Outras áreas são afetadas, principalmente a nutricional. A nutricionista daqui é sensacional. Nem sei como trabalha aqui ainda. O clube está afundado e em uma crise grande. Mas não é só o salário.                                                         
   Por que a crise não se restringe apenas aos salários? 
   Porque quando você impede que os profissionais recebam, os fornecedores também não recebem. Como um clube pode alimentar corretamente seus atletas? Além disso, o problema é a preparação até o dia do jogo. Hoje temos treino aqui. Você acha que eles treinam sossegados? Você acha que eles se concentram sossegados? Até hoje estou muito cordial e bonzinho. Daqui para frente não vou omitir mais nada. 
   Como o senhor encontra forças para lidar com essa situação?                             
   O que motiva é o Guarani. É minha quarta passagem. Tenho um grande carinho pelo Guarani e Atlético Paranaense. Gosto de Campinas, vivo bem aqui e convivo com um grande grupo de profissionais. A gente passa por dificuldades em todos os clubes. Agora, os problemas aqui vividos procuramos resolver com nosso trabalho. O importante é que a gente se sinta motivado e motive os atletas para que possamos tirar o Guarani dessa situação incômoda contra o rebaixamento. Porque isso seria o fim do Guarani. Atuar na Série C seria uma pá de cal.
   Como senhor analisa a postura da torcida?   
   A torcida tem nos acompanhado. Se os salários estivessem em dia, talvez as cobranças maiores fossem em cima de nós, porque temos nossa parcela de culpa. Mas em Volta Redonda, dos 60 pagantes, 20 eram bugrinos. Tenho que valorizar a presença deles. Sem torcida fica difícil.                                                                      
   Não dói no coração sentir um carinho pelo Guarani e vislumbrar a necessidade de processar o clube? 
   Se eu sair daqui e não receber nada é exatamente isso que vou fazer. Tenho uma família e não vou esperar boa vontade. Não acredito na boa vontade de ninguém aqui dentro. Eles podem até pagar amanhã (hoje), mas não farão mais do que a obrigação deles. A coisa já passou para um lado absurdo. 
   O que lhe deixa mais incomodado nessa situação?                                               
   O que me deixa mais indignado é a certeza de nada. Ninguém acende a luz no final do túnel. Aqui, só temos o túnel. Não temos a luz. Para piorar, no final do ano temos férias, 13º, dezembro. Muita gente passará um Natal horrível em nível financeiro. Mas parece que não pesa para a diretoria. Ficou comôdo. Aqui existem atletas que não vão fazer greve e não vão se omitir em jogar. Porém, ninguém está sendo tratado com dignidade. Os jogadores estão treinando, viajando e nenhuma informação é passada. Quando passam é a mesma ladainha de sempre. Só cascata. Só mentira. Não acredito em mais ninguém aqui dentro.                                                        
   A reunião feita pelo presidente Leonel Martins de Oliveira, às vésperas do dérbi, admitindo a impossibilidade de quitar os salários atrasados, foi a gota d´água?      
   Nem vou dizer que foi a gota d´água. Eu fiquei impressionado porque trataram o dérbi e aquela semana como algo comum. E não é comum aqui e nem na Ponte Preta. O dérbi é um outro campeonato dentro da Série B. Trazer aquelas informações naquele dia não somou nada. Era melhor ter ficado quieto e ficar sem falar nada. Todo mundo ficou chateado aqui. Ninguém queria bicho, e sim ser tratado com mais respeito. Ficamos sozinhos na semana do dérbi: jogadores, comissão técnica e torcida. Mais ninguém. 
   Segue o link da matéria

    Parabéns Walter Grassman pela coragem e pela atitude profissional diante do fato, acredito que não lhe demitam, pois a verdade está escancarada e a incompetência e falsidade dominam os atos desta vergonhosa diretoria.

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