quarta-feira, 10 de abril de 2013

DESABAFO DE UM GUERREIRO


    Ontem fui surpreendido com uma mensagem do goleiro Vinicius Concon, no Facebook, e pedi sua autorização para repassar aqui o seu desabafo.
   Antes de mais nada gostaria de dizer a você Concon, que infelizmente está certíssimo em suas atitudes, se os comandantes da entidade GUARANI FUTEBOL CLUBE, não cuidam de nada, nem do patrimônio e nem de seus verdadeiros atletas, você tem sim o direito de procurar seus direitos, é triste ver o Bugre mais uma vez com uma ação judicial, mas o clube tem de ser correto e saldar seus compromissos.
   Só tenho a lhe agradecer por todas as vezes que honrou nosso manto sagrado e dizer para se juntar a nós na arquibancada que será muito bem recebido, pois os verdadeiros bugrinos, nós que amamos esse clube, estaremos sempre torcendo por ele.  
   Leiam abaixo o texto do goleiro Vinicius Concon.  
   “Gostaria por meio das redes sociais esclarecer alguns fatos a respeito do meu desligamento do Guarani FC. 
   Comecei minha história no GFC aos 13 anos de idade (inclusive sou bugrino desde que nasci), onde com muito orgulho defendi as cores do clube até o ano passado. Com 16 anos assinei meu primeiro contrato profissional, com o vencimento de menos de um salário minimo, por 3 anos, e para mim, por ser bugrino e sempre ter o sonho de jogar, era motivo de muito orgulho.
   Com 17 anos estava prestes a disputar minha primeira copa São Paulo de futebol junior, quando recebi uma proposta do Palmeiras. Conversei com meus pais e decidi, pela força do sonho, permanecer e renovar com o Guarani. Joguei duas copas dando tudo de mim, colocando minha vida dentro de campo, como sempre fiz em cada treino e em cada jogo vestindo essa camisa.                                 
   Em 2011 fazia parte do elenco profissional, onde ficamos 6 meses sem receber, porém continuamos trabalhando da mesma forma, e inclusive no ano seguinte renovei o meu contrato por mais um ano, mesmo com essa situação de salários atrasados.                            
   Infelizmente vieram as lesões, inúmeras torções, problemas na lombar e recentemente uma crise labiríntica por stress, isso mesmo, com 21 anos estava com problemas de saúde relacionadas a pessoas com mais idade, e assim comecei a repensar a respeito de minha profissão. 
   No tempo que fiquei em casa em tratamento somente algumas pessoas entraram em contato comigo com a preocupação relacionada à minha saúde, e não apenas a contratos, empréstimos, dinheiro ou coisas do tipo que são extremamente valorizadas no futebol, deixando o principal para o escanteio: o ser-humano. Dessas pessoas amigas que realmente se preocuparam comigo gostaria de citar o roupeiro do clube os médicos, fisioterapeutas e o meu treinador de goleiros que sempre estavam preocupados com a pessoa Vinicius Concon.                                             
   Em relação ao departamento médico não tenho palavras para agradecer, grandes profissionais que sempre deram o máximo para minhas recuperações. 
   Com toda essa situação, tomei a decisão mais difícil da minha vida, mudar meu destino, mudar meu caminho, interromper minha carreira futebolística e retomar aos estudos (havia trancado a faculdade no terceiro ano), para isso, comecei a fazer um trabalho de terapia, que por sinal foi e esta sendo pago por meus pais, e que está me ajudando muito nessa nova etapa de vida.
   Outra decisão que tomei, e que está sendo julgada por essas pessoas que não se preocuparam com minha saúde, ou não demonstraram essa preocupação, foi a de lutar por meus direitos na justiça. Claro, como qualquer trabalhador que deu a vida, abdicou de ter uma adolescência normal, para honrar o clube e correr atrás de seus sonhos, e inclusive dispensou ofertas de times grandes da capital, mas que infelizmente não foi tratado como merecia, em questões salariais e principalmente emocionais.              
   Atletas são como qualquer outro tipo de trabalhador, cumprem horários, se dedicam ao máximo por sua empresa, abdicam de milhares de coisas para poder exercer da melhor maneira o seu papel, e o mínimo esperado é que a empresa cumpra com seu papel de maneira reciproca, e lhe dê o que é de direito. Infelizmente quem toma essas atitudes que tomei é considerado na maioria das vezes um traidor, ou um mercenário, veja só, mercenário. Cuidado em julgar as pessoas sem conhecer a história por trás delas.  
   Venho através dessa declaração deixar um apelo aos clubes de grande tradição como o Guarani, que invistam na base, na educação desse jovens paralelamente aos treinamentos, à preparação não só técnica e tática mas também psicológica, para que quando esse atleta chegue no profissional consiga exercer da melhor forma possível o seu talento, gerando assim uma carreira de sucesso para ele, lucro para o clube e felicidade aos seus torcedores.    
   Muito obrigado a todos pela atenção e compreensão
   Um grande abraço!   
   Fiquem com Deus.

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