Quem foi Raphael Radamés Pretti?
Os mais novos talvez não o
conheçam, mas Raphael Radamés Pretti foi um dos maiores bugrinos que o
centenário Guarani Futebol Clube já teve. Pretti nasceu em 1911 (embora tenha
sido oficialmente registrado apenas no ano seguinte), numa família com laços de
parentesco com a de Vicente Matallo.
Ainda garoto, assistiu a inauguração do antigo “Estádio do Guarany”, na rua Barão
Geraldo de Rezende, que passou a freqüentar. Anos mais tarde associou-se ao
Clube e passou a ser um de seus grandes colaboradores, participando ativamente
das campanhas para ampliação daquele estádio.
Como torcedor fiel,
acompanhava o time de futebol onde quer que fosse jogar (geralmente de trem).
Em 1937 já se destacava na “Comissão Esportiva” (no cargo de Diretor de
Futebol). No final dos anos 40, após a permuta do terreno do bairro Guanabara
pelo local onde seria construído o Brinco de Ouro, Raphael Pretti foi um dos
elementos que mais se destacaram na Comissão Pró-Estádio, presidida por Antônio
Carlos Bastos, comandando dezenas de campanhas para arrecadação de fundos.
A vida de Raphael Pretti,
formado em Contabilidade, foi dedicada ao esporte, dentro e fora do Guarani.
Ele ainda colaborou com várias ligas municipais, como as de “Cestobol” e
Futebol de Salão, tendo sido presidente da Liga Campineira de Futebol em 1956.
Participou também da antiga “CCE” (Comissão Central de Esportes), órgão que
coordenava a participação do município nos Jogos Abertos do Interior, entre
outras funções.
No
Guarani, desenvolveu por dezenas de anos uma função que lhe agradava bastante:
a de Secretário da Diretoria, tomando o cuidado de registrar em atas, em
detalhes, as decisões que definiam a história do seu clube do coração (isso no
tempo em que os problemas do clube eram discutidos e decididos em reuniões de
diretoria...). Também participou da criação de vários departamentos internos de
esportes amadores, entre eles os de basquete e boxe.
Nos anos 80 foi um dos mentores e
presidente do grupo Taba, criando um grupo de pesquisa histórica, e o projeto
chamado “Passeio no Brinco”, que buscava crianças da periferia para conhecerem
o clube e assistirem uma partida de futebol. Milhares de crianças conheceram o
clube e o Brinco de Ouro.
Mas
a determinação do encerramento desse projeto, por parte do presidente Leonel
Martins, criou um grande atrito entre eles. Nos anos 90, Pretti ainda foi
eleito Presidente de Honra do Panathlon Clube de Campinas, e sua história de
dedicação ao Guarani foi reconhecida pelo Conselho Deliberativo do Bugre, que
lhe concedeu o título de Sócio Benemérito.
Começou a ter problemas de
saúde, e após perder sua esposa, Dona Assumpta Pretti, acabou optando por
residir em “clínicas para idosos”. No final de 1998 ainda foi, de cadeira de
rodas, assistir pela última vez a uma partida do Guarani. Em 16/06/1999 fechou
os olhos para sempre.
Logo em
seguida, o então presidente José L. Lourencetti construiu a Sala de Imprensa na
cabeceira de entrada principal do Brinco de Ouro, e batizou-a de Raphael
Radamés Pretti. Seu nome foi colocado na vidraça fronteiriça da sala, e seu
diploma de Sócio Benemérito num quadro, ficando exposto no local.
Isso durou
até que seu antigo desafeto, o rancoroso Leonel Martins de Oliveira, voltou ao
Clube. Sem alarde, seu nome foi eliminado da vidraça e seu diploma “desapareceu”
(funcionários do clube disseram que a ordem foi jogá-lo no lixo...).
Recentemente,
por iniciativa do grupo do Memorial do Guarani, novamente foi colocada uma
placa com seu nome na Sala de Imprensa, resgatando-se a justa homenagem a ele
atribuída no passado.