sábado, 12 de julho de 2008

CAMPEONATO BRASILEIRO DE 1978

GUARANI CAMPEÃO BRASILEIRO DE 1978

Depois da fraca campanha no campeonato paulista do ano anterior e sem dinheiro para contratações, a diretoria bugrina resolveu inovar.
Trouxe Carlos Alberto Silva, um jovem treinador, que fizera um bom trabalho na Caldense (MG), para lançar novos talentos.

Observando os juniores do clube o técnico promoveu Tadeu, Odair, Gersinho e Careca, um garoto de 17 anos que terminaria a competição como artilheiro do clube, ao lado de Zenon (que havia sido contratado do Avaí/SC), com 13 gols cada.O Campeonato teve a participação de 74 equipes e foi disputado do dia 25 de março a 13 de agôsto.
Fora realizadas 792 partidas, com 1.771 gols marcados, com uma média de 2,23 por jogo.
Na primeira fase o Guarani estava na chave D, juntamente com mais 11 equipes, as 6 primeiras se classificavam para a fase seguinte e o Bugre foi o 5° colocado.
O Bugre estreuou contra o Vasco da Gama num domingo de Páscoa e
perdeu por 3 x 1, com Miranda marcando para o Alviverde e Roberto Dinamite os três da equipe carioca.
Depois a tabela marcava o confronto contra o Bahia em casa e o Bugre apesar de ser surpeendido com um gol no ínicio, empatou com Zenon e Macedo fez o gol da vitória.
A terceira partida foi contra o CSA, de novo no Brinco e nova vitória por 2 X 0, gols de Capitão e Zenon (pênalti).
Depois de fazer 3 partidas em casa, o Guarani partiu para uma mini excursão ao nordeste, na primeira empate em 0 x 0 contra o Vitória, depois outro empate contra o CRB em 1 x 1, Macedo marcou o gol bugrino e encerrando a mini excursão pelo Nordeste, outro empate sem gols contra o Sergipe.
De volta ao Brinco o Alviverde enfrentou o Confiança e goleou por 5 x 0, conquistando os três pontos (pois a vitória por 1 ou 2 gols de diferença valia 2 pontos, e por 3 ou mais gols de diferença valia 3 pontos), Os artilheiros foram Capitão, Careca, Gersinho (pênalti) e Miranda (2).
A próxima partida foi o Derby e com dois gols de Careca o Bugre venceu por 2 X 1.

Na sequência o Bugre recebeu o Itabuna e venceu por 7 X 0, Capitão, Renato (3), Careca (2) e Bozó, foram os artilheiros.
Já classificado para a próxima fase o Bugre foi atè a cidade de Volta Redonda enfrentar a equipe da casa e perdeu por 2 X 0.
Na última partida da primeira fase o Alviverde empatou com o Botafogo no Maracanã por 1 X 1, com Zenon marcando para o Bugre.
Ao término da primeira fase, 36 equipes estavam classificadas para a segunda fase chamada de "Fase Semifinal". Mas as demais 38 continuavam na disputa, jogando uma repescagem.
Os 36 classificados foram divididos em 4 grupos de 9 equipes cada, e jogariam em turno único dentro dos grupos. Os 6 primeiros se classificariam para o chamado "1o. turno da Fase Final", o Bugre ficou em 4°.
O São Paulo, na qualidade de campeão do ano anterior, estava pré-classificado pelo regulamento e o
Guarani caiu num grupo que tinha Vasco (novamente), S. Paulo, Portuguesa, Coritiba, Remo, Caxias, Villa Nova-MG e Brasília.
Na estréia desta fase, contra o S. Paulo, no Brinco, empate em um gol , Zenon (pênalti) marcou para o Bugre.
Em seguida a primeira vitória fora de casa, 3 X 0, contra o Brasilia, gols de Bozó e Renato (2). Depois uma surpreendente goleada sofrida contra o Remo em Belém, 5 X 1, com cinco gols de Bira e Careca descontando para o Alviverde.
O próximo adversário foi o Caxias, no Brinco e o Bugre venceu por 3 x 0, Renato (2) e Mauro marcaram.
Na quinta partida desta fase o confronto foi contra o Vasco, a lembrança da primeira partida do campeonato, em que o Guarani perdeu de 3 X 1 para o mesmo adversário em pleno Brinco de Ouro, trazia à torcida o temor de uma nova derrota, mas no final um empate em 2 X 2, com Careca anotando os gols bugrinos.
O próximo confronto foi contra a Portuguesa, no Pacaembú, pois o Canindé não tinha sistema de Iluminação, e o placar foi 2 X 0, para a Lusa. Com a derrota o Bugre caiu para a 5a. colocação no grupo. Mas mal sabia a torcida que esta seria a última derrota do time no campeonato.
Depois a tabela do Brasileiro dava ao Guarani uma semana de preparação para o jogo seguinte, que foi contra o Coritiba, no Brinco de Ouro e acabou num empate sem gols.
Já classificado para a outra fase o Bugre recebeu o Vila Nova – MG, na última rodada e venceu por 2 X 0, com dois gols de Careca.
A outra fase se donominava 1º turno da Fase Final e os 32 classificados estavam divididos em 4 grupos de 8 e jogariam dentro dos próprios grupos em turno único. Os 2 primeiros colocados de cada grupo se classificariam para o chamado 2o. turno da Fase Final, que na verdade eram as quartas-de-final do campeonato.
O Guarani caiu no grupo Q, juntamente com Internacional, Santos, Botafogo de Ribeirão Preto, Goiás, Botafogo-PB, Londrina e Goytacaz. O poderoso Internacional, bicampeão brasileiro 75-76 e octacampeão gaúcho 69-76, era visto como o papão do grupo, o virtual dono de uma das vagas.
E na estréia o Guarani enfrentou justamento o Internacional, no Beira Rio. O Inter que tinha craques como Batista, voltando consagrado da Copa do Mundo da Argentina, Falcão, injustamente não convocado por Cláudio Coutinho e Caçapava, entre outros.
O técnico Carlos Alberto Silva embarcou para Porto Alegre afirmando que o seu time ia jogar para ganhar, e repetiu isso para a imprensa gaúcha. Suas declarações foram recebidas como piada em Porto Alegre, com a imprensa local ironizando e perguntando como é que um time com um ataque de Capitão, Careca e Bozó podia querer ganhar do Inter em pleno Beira Rio. Conta-se que um jornal gaúcho teria chegado a publicar um cartum debochando do "ataque de palhaços" do Guarani.
Na preleção Carlos Alberto mostrou oa notícias aos jogadores, para mexer com os brios dos jogadores, e dentro de campo o que se viu foi o Guarani dar uma lição de futebol e sair com uma maravilhosa vitória por 3 X 0, com gols de Renato, Bozó e Zenon.
Na segunda partida da fase o Bugre foi até Goiania enfrentar o Goías e empatou em 1 X 1, com de Careca.
A estréia no Brinco de Ouro nesta fase, foi contra o Santos e o Alviverde venceu por 2 X 1, com Mauro e Zenon, marcando os gols, a partir desta vitória, o Bugre iria finalizar o campeonato com 11 vitórias seguidas.
Após o término da terceira rodada, o Guarani liderava com 6 pontos, mas o Internacional, já encostava com 5 pontos, juntamente com o Botafogo-SP.
O próximo confronto foi o Botafogo–PB, e um gol de Careca, deu a vitória ao Bugre.
Depois o adversário foi o Goitacaz-RJ, no Brinco, nova vitória, pelo placar de 3 X 0, com Zenon (2) e Gomes marcando os tentos da vitória.
A seguir o Bugre recebeu o Botafogo de Ribeirão Preto, vice-lider do grupo, em um um jogo decisivo, se vencesse, garantiria a classificação antes da última rodada. Se perdesse, a situação poderia se complicar, especialmente se o Inter-RS vencesse naquela mesma noite o Botafogo-PB, o que era esperado. O empate era um bom resultado, pois na última rodada Botafogo e Inter iam se defrontar.

O Guarani venceu por 1 X 0, gol de Zenon e garantiu antecipadamente a classificação.
Na última rodada desta fase foi até Londrina e com um gol, de Miranda, com 1 minuto de jogo, derrotou a equipe da casa, garantindo o primeiro lugar no grupo.
Nas quartas de final, o Bugre enfrentaria o Sport, jogando por dois resultados iguais,sendo que decidiria em casa.
A primeira partida no Recife, o Bugre venceu por 2 X 0, com gols de Zenon (pênalti) e Capitão. Na segunda partida no Brinco de Ouro, o Bugre goleou por 4 X 0, com gols de Miranda, Capitão (2) e Renato.
O detalhe da partida foi a festa da torcida, quamdo faltava quase 10min. para o final vários torcedores pularam o fosso e passaram a correr na pista de atletismo em volta do campo com uma enorme bandeira do Guarani, festejando a vaga na semifinal.
Na semifinal pelo regulamento, o Guarani tinha direito de fazer o primeiro jogo em Campinas. Mas o Vasco começou a agitar, alegando que o estádio bugrino não oferecia segurança, pelo fato de a torcida ter invadido o campo no final do jogo contra o Sport para comemorar a classificação. Os cariocas queriam que o primeiro jogo fosse realizado no Morumbi. Pelos lados do Brinco de Ouro temia-se muito pela decisão da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), pois o seu presidente, o Almirante Heleno Nunes, era torcedor confesso do Vasco.

Mas a entidade manteve o regulamento e o jogo foi marcado para o Brinco. Assim na quarta-feira, 2 de agosto de 1978, os dois times se encontraram no lotado Brinco de Ouro. A torcida bugrina confiava no time, tanto que 30 mil pessoas se espremeram para ver Zenon e cia. (lembrem-se de que não havia o tobogã). Mas temia-se muito pela arbitragem, em virtude da já citada relação entre o presidente da CBD e o Vasco.
No campo o Alviverde não tomou conhecimento de toda essa agitação e venceu por 2 X 0, com gols de Orlando (contra) e Renato.

O Bugre ia para o Rio de Janeiro para jogar pelo empate.
Na segunda partida no Maracanã, o Guarani enfrentaria fora o Vasco, um tabu de nunca ter vencido no Maracanã, em 8 jogos foram 7 derrotas e 1 empate.
A torcida bugrina estava muito otimista, e lotou nada menos do que 60 ônibus. Cerca de três mil bugrinos foram ao Maracanã.
Com dois golaços de Zenon, um aos 8min. do 1º tempo e outro de falta, aos 22min. do 2º tempo, o Bugre conseguiu o que parecia impossível estava na final do Campeonato Brasileiro, nas arquibancadas muita festa e muito choro de felicidade da torcida, que gritava os nomes dos jogadores e do presidente Ricardo Chuffi.
O regulamento do campeonato determinava que a decisão seria em duas partidas, com a segunda sendo realizada na casa do time que tivesse feito mais pontos ao longo do campeonato, no caso, o Guarani.
A comissão de arbitragem também tinha o costume de escalar árbitros neutros (de um outro estado) em confrontos entre times do mesmo estado. Mas o presidente da FPF, Alfredo Metidieri, ex-presidente do São Bento de Sorocaba, tentou levar as duas partidas para o Morumbi e escalar árbitros da FPF na decisão, alegando que era uma "festa paulista". Mas o presidente da CBD, almirante Heleno Nunes, fez valer o regulamento, marcando a segunda partida para Campinas e garantindo a escalação de árbitros neutros nas duas partidas.
Para que o segundo jogo fosse realizado no Brinco de Ouro, exigiu-se que a lotação do estádio fosse limitada a 28 mil pessoas por motivo de segurança e que os ingressos tivessem o seu preço dobrado.
Na primeira partida da final, o goleiro Leão da equipe do Palmeiras, irritado com as provocações de Careca, deu-lhe uma cotovelada na nuca, dentro da área aos 25 minutos do 2° tempo. Pênalti marcado e expulsão de Leão. Como o Palmeiras já havia feito as duas substitições permitidas na época, Escurinho (ponta-de-lança) foi improvisado no gol e Zenon bateu com categoria, fazendo explodir a torcida bugrina e dando a vitória ao Bugre.


A certeza do título faziam com que os torcedores se agitassem pela cidade de Campinas, mesmo sabendo que na segunda partida, o Bugre não poderia contar com o talento de Zenon que estaria cumprindo suspensão automática e em seu lugar jogaria Manguinha.
Com o Brinco de Ouro completamento lotado, O Guarani entrou em campo para disputar a segunda partida com o uniforme numero dois, camisa branca, calção branco e meias verdes.
O técnico Carlos Alberto Silva colocou o ponta-esquerda Bozó, na marcação a Jorge Mendonça por todos os lados do campo. O volante Zé Carlos foi um técnico dentro das quatro linhas durante toda a campanha consagradora e um "gladiador" na final, suando a camisa e dividindo todas as bolas. Mas a estrela de Careca brilhou mais uma vez. Foi dos pés dele que saiu o gol do título - aos 36 minutos do primeiro tempo, o centroavante com um leve toque, tirou a bola de Beto Fuscão na área, ela sobrou para Bozó que acompanhava a jogada, que avançou e chutou, o goleiro Gilmar, defendeu com a perna e no rebote Careca, bateu de primeira no canto direto, fazendo o gol do título.


Quando o árbitro José Roberto Wright encerrou a partida, o gramado foi invadido pelos torcedores e os jogadores correram para o vestiário porque queriam guardar as camisas. E foi dentro do vestiário que o capitão Edson recebeu a taça de campeão.

A festa se espalhou por toda a cidade, especialmente no centro, varando a madrugada. Era o dia 13 de agôsto de 1978, uma data para não se esquecer jamais, pois o GUARANI era o CAMPEÃO DO BRASIL e um grito ecoava no país, BUGREEEE, BUGREEE.
O Guarani utilizou 24 jogadores durante o campeonato. O meia Renato foi o que mais jogou - atuou em 31 jogos, fazendo 10 gols. O zagueiro Édson chegou a atuar em 30 jogos, sem marcar gols, seguido pelo lateral direito Mauro (29 jogos e 2 gols), Neneca (goleiro, 28 jogos), Zé Carlos (volante, 28 jogos, nenhum gol marcado) e Capitão (atacante, 28 jogos, 06 gols). Participaram ainda da conquista Careca, Miranda, Zenon, Gomes, Macedo, Bozó, Manguinha, Gersinho, Silveira, Alexandre, Adriano, Cuca, João Carlos, Odair, Antônio Carlos, Tadeu, Claudinho e o goleiro João Roberto.
Campanha do Guarani:
32 jogos, 20 vitórias, 4 empates e 4 derrotas, 57 gols pró e 22 gols contra

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